Capadocia.
Em 1978 ainda se lia jornal impresso e a gente assinava a Folha da Manhã. Uma vez por semana a parte de turismo trazia sugestões de lugares no mundo diferentes e maravilhosos. Eu adorava viajar, pelo menos em imaginação, e assim descobri a Capadócia.
Há milênios o vulcão Hagen Daaz , chamado de Pai de Todos na Capadocia, teve uma erupção enorme na Anatolia Central, Turquia e uma camada de lava de cento e cinquenta metros de espessura, cobriu toda a região. Essa lava foi sendo esculpida, cavada, plantada e desde os hititas, a Capadocia existe como se fosse um lugar de fadas e gnomos.
O vento e a água esculpiram as pedras, durante milhares de anos, que parecem casas de anõezinhos. O homem tambem esculpiu essas rochas e temos, casa, igrejas, estábulos, cidades inteiras esculpidas, cidades que chegavam a ter 10.000 habitantes sob a terra.
Quando chegamos na Turquia poucos falavam alguma outra língua além da turca. Descemos do avião em Ancara, a capital. Conseguimos chegar no hotel e depois do banho fomos jantar. Cardápio em turco e assim pedimos o que os vizinhos da mesa ao lado estavam comendo. Comida deliciosa e pensei que era espetinho de filé mignon. Não era, era espetinho de miúdos de carneiro.
Dia seguinte fomos de onibus para Urgup, no centro da Capadócia. Era inverno e estava doze graus abaixo de zero. O aquecimento do hotel deixava muito a desejar mas a região é maravilhosa. As pessoas nos acolheram muito bem pois há muito tempo não aparecia um brasileiro lá. A comida, baseada na carne de carneiro é muito boa, muitos vegetais, grão de bico, e até uma “esfiha” de metro de carne moída nós comemos. Era tambem muito barata a comida. O chá tambem é maravilhoso, servido em pequenos copos de vidro e bem doce. Cada aldeia tem um forno coletivo de pão, a lenha. O pão na Turquia é coisa séria, o trigo é muito puro e é muito gostoso.
Beber alcool só a noite. Segundo o dono de um dos restaurantes, eles bebem só a noite porque aí “Alla está dormindo”.
Estava esquecendo de falar nas lojas de doces. Lá não tem padarias, tem docerias, maravilhosas. Ganhei quatro quilos.
Visitamos muitas igrejas, casas e ruinas escavadas nas pedras. Quando fomos a cidade de Derinkuyu começamos a descer as escadas nos vários níveis e então, no terceiro nivel, meu marido falou “ e se a luz acaba?”. Eu voltei!
Fomos de ônibus tambem até a cidade de Konia, a dos dervixes girantes. Tinha nevado e da estrada, dos marcadores do leito que tem sessenta centímetros, só apareciam as pontinhas. Se o onibus encrencasse e parasse o aquecimento, iam encontrar dois brasileiros congelados nos passageiros.
Konia é a terra dos sufis, do sufismo que é uma parte do islamismo, e dos dervixes girantes. Girar é uma forma de meditação.
