Casa na praia.
Como já citei outras vezes meu pai era de origem humilde, mas estudou engenharia com muito sacrificio e subiu na vida. O sonho dele, como da maioria das pessoas era ter uma casa na praia e uma fazenda enorme, com um daqueles antigos casarões maravilhosos.
Ele conseguiu comprar um terreno num loteamento novo no Guarujá, numa praia chamada Guaiuba. O problema do meu pai é que, embora engenheiro, ele gostava de “inventar moda” ou seja, fugir do usual e isso sempre dava encrenca. Chamou para fazer a casa um conhecido tipo faz-tudo, que não era bom de construção e pensava que era. Começou fazendo as paredes externas de meio tijolo e isso não era permitido. Então a casa tem duas paredes de meio tijolo coladas uma na outra.
A impermeabilização tambem foi meia boca e isso cria um defeito “genético” que não tem conserto e até hoje a umidade do solo está lá.
Embora tivesse sido feito por um arquiteto o projeto, meu pai resolveu mudar o tipo de telha e começou a haver goteiras na casa porque para cada telha há uma inclinação certa, que não foi feita.
Mesmo assim conseguiram terminar a casa e íamos sempre para lá. Eu tinha 16 anos nessa época, fazia muito calor e tinha muito pernilongo, mas era bom assim mesmo. Na foto sou a de maiô preto.
Era muito bom chegar cedo na praia de areia cor de rosa onde ninguem tinha pisado ainda. O mar, como essa praia é numa pequena baia no litoral, era manso normalmente, com pequenas ondas chegando de mansinho. A gente podia tambem colher mariscos nas pedras para comer com azeite, sal e alho. Foi aí que aprendi a gostar de tudo de comer que vem do mar.
Uma vez fomos pescar durante 15 dias para pegar um badejo fujão. Pegamos mesmo, mas o mar virou e foi um sufoco para sairmos do costão de pedras.
Essa casa me traz recordações muito boas. A praia do Guaiuba continua linda, não se permite construção de predios e ela se matem ótima. Ficou para minha irmã Cidoca quando ele se foi e ela curte muito até hoje.